terça-feira, 29 de janeiro de 2013



Porque é que não se pode utilizar o método experimental em Sociologia?




Antes de avançar com a resposta à questão, considero fundamental clarificar o conceito de método experimental e de Sociologia, bem como o seu objeto de estudo.  
 http://www.esb.ucp.pt/twt/pepino/MyFiles/MyAutoSiteFiles/TrabalhoExperimental313788688/samorais/Metodo_Cientifico.JPG



O método experimental em investigação significa que a validade científica de uma hipótese, de uma explicação, tem de ser sempre posta à prova, experimentada para ver se realmente se confirma ou não. É uma forma de investigação na qual, orientado por uma hipótese explicativa, o investigador manipula, em condições cuidadosamente controladas, uma determinada variável e observa se alguma alteração acontece numa outra variável para depois enunciar uma lei/ princípios. Pode-se estabelecer uma analogia com aquilo que aconteceu a Newton: a queda da maçã em cima da cabeça quando se encontrava debaixo da macieira levou Newton a interrogar-se sobre a queda da mesma e ao relacionar a aceleração em queda livre e a aceleração num plano inclinado, em função da inclinação nula (a partir de experiências que foram testadas) levou à enunciação da 1ª Lei de Newton, que diz que um corpo permanece em repouso ou em movimento retilíneo e uniforme se a força resultante que atua sobre ele for nula.
Por outro lado, quando se fala em Sociologia refere-se a uma ciência que estuda comportamentos, ideias, opiniões sobre as mais diversas dimensões sociais e o modo em como estas afetam a vida e as inter-relações comunitárias. Procura então abordar entre outros temas, a cultura do meio, o próprio meio onde se inserem os indivíduos, a sociedade e as suas interações, os fatores familiares conjugados com as suas problemáticas e educações, o nível de rendimento e sustentabilidade, a raça, as tradições, o género, e todas as componentes dependentes de variáveis sociológicas.

https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjqVH3o6LYlovuENv6hOBMy3s1-czaKHP285IwVYKYz1Zp-z4GYSSq8qFA1ldLNKD6EyJlw4R2NJIUenjwe22XANxsFFvEmxnN57GpXxoJG1iQznHjhDUeCVk1Ec0jZiKsNYocK5CCoEoyL/s1600/sub_sociologia.jpg


 
  Pode-se verificar, então, que apesar da Sociologia se tratar de uma ciência não se define como uma ciência experimental, uma vez que o objeto de estudo são os comportamentos humanos, que para além de influenciáveis são singulares, torna-se extremamente difícil controlar e manipular atitudes de modo dedutível e dificilmente se conseguem obter generalizações.
Em Sociologia nem tudo pode ser experimentado. Como foi referido anteriormente no método experimental é necessário controlar todas as variáveis (espaço, temperatura, humidade, etc.) e para isso seria preciso colocar uma população inteira dentro de um determinado espaço para se fazer a experiência, o que não é possível porque ou o espaço não suportava, ou porque seria impossível controlar todas as variáveis em questão, ou porque é simplesmente irracional. Pode haver erros na experiência, dificuldade em isolar a variável independente, a dificuldade em medir e observar as variáveis dependentes e o risco de generalização excessiva, porque cada ser humano não é igual ao outro. E como não podia deixar de ser por questões éticas dado que não é eticamente correto realizar determinadas experiências em seres humanos, ou mesmo em animais, que afetem o seu bem-estar (por exemplo: expor pessoas a situações prolongadas de grande tensão e stress para analisar a sua reação).
Por isso mesmo, conclui-se que o método experimental não é indispensável à Sociologia, uma vez que esta recorre a outras metodologias para proceder à verificação de hipóteses, das quais surgem técnicas documentais, de inquirição e de observação, tais como a prática de inquéritos, questionários, entrevistas, observação direta e/ou observação direta participante.



                                                                                                                        Bruno Pereira

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