Infelizmente, nos tempos atuais valorizam-se mais os bens
materiais fúteis e as questões estéticas do que propriamente os verdadeiros
valores e princípios que regem a nossa sociedade.
A nossa cultura dá primazia ao corpo e sobretudo à imagem,
subjugando-a à moda que presenteia cada estação. Sendo assim, para se integrar
em determinados grupos e para aceder a determinados estilos tem-se de submeter
à moda para não se ser discriminado, gozado e para se ser aceite pelos outros.
Daí, se ter começado a questionar a relação entre a moda e a
escravatura, isto porque se pensa num "corpo-escravo", que se submete
a regras, princípios para se idealizar com os modelos seguidores da moda. Há
uma busca incessante pelo ideal, pelo qual nunca se está bem com aquilo que se
tem.
A propósito desta ideia, surge os "rótulos" e, por
vezes, preconceitos da nossa sociedade: se sou magro, alto, bonito e tenho
estilo já sou modelo; se me visto de preto, já sou gótico; se vestir camisas de
marca, já sou betinho; se vestir calças largas, já sou um dread; entre muitas
outras situações.
Por isso, apercebe-se que o ser humano é bastante influenciado e é
uma espécie de "escravo" da moda, para se poder integrar quer na
escola, quer em grupos, quer mesmo na própria comunidade.
A mulher é a principal vítima deste tipo de escravidão moderna,
pois as suas maiores preocupações são a moda e a beleza. Basta pensar nas
extensões, na franja, nas calças largas, nas leggings, nas saias compridas, nos
sapatos de salto alto, na maquilhagem...Todas estas modas citadas anteriormente
levaram a que a maioria das mulheres recorressem aos shoppings, às
cabeleireiras, às manicuras e pedicuras.
Desta tendência atual, advém duas grandes consequências: se por um
lado as mulheres querem ser "perfeitas", recorrendo a dietas
alimentares e a ginásios, por outro lado, em casos extremos leva à anorexia
nervosa ou bulimia. Com a corrente crise leva a que estas mulheres, muitas
vezes, mães de família esbanjem muito dinheiro e se esqueçam da família, substituindo
os bens alimentares por compras, levando a situações económicas precárias.
Também pode causar outro problema que também está "muito na
moda": a depressão. Imagine-se que uma mulher tem falta de auto-estima,
excesso de peso ou dificuldades económicas e não têm possibilidades de aceder
aos padrões de moda, sentir-se-ão frustadas e angustiadas levando-as a
refugiarem-se em casa para não se sentirem mal na frente dos outros.
Pode-se assumir que esta procura pela perfeição não existe e, por
isso, não se pode deixar influenciar ou diria mesmo acorrentar pela moda.
Na minha opinião, considero que tem de haver uma mudança de
pensamento e compreender, ou mais concretamente aceitar como se é e se pensamos
em mudar não deve ser, porque vi aquele assim na televisão e queria ser como
ele, mas porque isso contribui para o nosso bem-estar. Além disso, a nossa
sociedade é muito vincada pelo preconceito e se tal não acontecesse, acredito
que a maioria das mulheres, mas também os homens não se preocupariam tanto
sobre o que vestir e o que usar no dia-a-dia.
Posto isto, ainda sobre o assunto da escravidão, penso que há
outro com o qual as implicações são diferentes e têm que ver com os valores
culturais e religiosos da sociedade. Estou a falar, sobretudo, das
mulheres árabes, com o qual não se podem dar ao luxo de variar no estilo de
roupa, porque se têm de assujeitar a andar tapadas, os braços, as pernas e o
busto não podem andar à mostra, pelo que existem lenços que cobrem a maior
parte corpo delas e chegam ao ponto de ficarem identificáveis.
Ao falar de escravidão neste assunto, não se refere ao mesmo tipo
de escravidão na moda, isto porque a mulher não é escrava pelos padrões de
beleza impostos pela comunicação social, nem é vista como um objeto; mas por
imposição da família ou religião.
Concluindo, devemo-nos preocupar mais com as questões que colocam
em risco a nossa existência e, que muitas vezes, a população desconhece ou
finge que não estão a acontecer. Se perguntarmos o que são as All Stars
(sapatilhas); as leggings; os eyeliners; os triquinís; o corte escadeado; todas
as mulheres são capazes de responder, contudo se perguntarmos o que é o efeito
de estufa; o degelo dos glaciares; o aquecimento global; a desflorestação a
maioria não saberá responder ou então dirá que já ouviu falar, mas não tem
consciência dos seus efeitos que poderão levar à extinção da espécie humana.
Bruno Pereira
Bruno Pereira
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